segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Memorial

Jaqueline Araújo Andrade

Quando me lembro da minha infância, as primeiras pessoas que me vêem a cabeça são meus pais. Pessoas muito simples, mas de um coração e de um caráter sem tamanho. Não tiveram a oportunidade que eu e meus irmãos tivemos. Ambos estudaram até a antiga 4ª série. Trabalham na lavoura até hoje, e embora com pouco estudo, sempre incentivaram nossos estudos.
Iniciei meus estudos no ano de 1991, na EEPSG João Ramalho (Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau de João Ramalho), hoje somente EE João Ramalho, e foi nessa mesma escola, no ano de 2002 que conclui o ensino médio. Meu primeiro contato com a escola não foi dos melhores. Estudei meio ano no antigo pré, pois como nessa época era filha única, ia para escola com um tio que morava conosco, nesse ano ele adoeceu e perdeu meio ano de escola, e eu como não ficava sozinha, também deixei de freqüentar a escola nesse período. Embora não tenha concluído o prézinho, não senti dificuldades na minha alfabetização, visto que eu gostava muito de estudar (pelo menos nos primeiros anos!). Até hoje quando fecho os olhos sinto o cheiro da minha sala, o piso era de assoalho, as mesas eram redondas onde sentávamos em grupos para executar as tarefas propostas pela Professora Cláudia Valejo, que foi minha professora no pré. O que mais senti falta naquela época foi de não poder fazer a formatura no prézinho, todos os meus amigos tinham a foto, menos eu, e aquilo me deixava triste.
Eu sempre achei que não gostava de estudar, mas hoje vejo que gostava e gostava muito. Não era uma aluna nota dez, mas chegava quase lá, o que me atrapalhava era a língua, como eu falava, adorava a conversa em sala de aula e essa era a única reclamação que meus pais ouviam de mim. Gostava muito de escrever, amava fazer uma redação e quando a professora pedia, eu era a primeira a entregar e sempre muito bem feita. Gostava de ler revistas, jornais e livros também,mas tinha que ser um livro muito interessante e eu tinha que olhar e gostar, não tinha dessa se a professora pedisse pra ler tal livro, eu lia sim, se gostasse, caso contrário não lia mesmo. Lembro-me muito pouco dos livros que li, mas gostava muito de ler aqueles livros da coleção vaga-lume, como A Ilha Perdida, O Mistério da Cidade-Fantasma,O Mistério dos Morros Dourados, O Outro Lado da Ilha, desses me lembro bem, quando os li,já estava na 4ª série, e como gostava daqueles livros.
Lembro-me também de um pequeno conto que uma professora nos contou em sala, e esse conto me marcou muito, talvez pelo fato da miséria,não sei, estou falando da Pequena Vendedora de Fósforos, nossa, essa foi fantástica, não me esqueci mesmo. Outro livro que li e também não me esqueço é O Rei Caracolinho e a Rainha Perna Fina, esse talvez tenha sido o mais chato, mas a capa do livro era fantástica, muito colorida, bem atrativa na idade que eu tinha. Até hoje gosto das obras de Sidney Sheldon, os mistérios daqueles livros mexiam muito comigo, li o “Estrangulador, o Ditador, O Fantasma da Meia Noite” entre outros que não me lembro neste momento.
Depois no Ensino Médio tive outras experiências com leitura, mas essas não considero tão satisfatórias, pois foram “forçadas”. Acredito na leitura como vontade própria, eu gostar de ler e ponto. Ler um livro porque eu me interessei, não porque alguém me pediu para ler determinado livro.
Na adolescência, após ter concluído o Ensino Médio, comecei a trabalhar em um jornal local, fazia de tudo, era tipo Severino Quebra Galho, quando saí já estava até escrevendo para o jornal. Lá como tinha muito tempo sobrando, conheci os romances de Sabrina, esses eu amava ler. Trocava com uma amiga que também lia esses tipos de livro. Foi nesse jornal que passei a ter contato com a internet, até então um meio de comunicação um pouco distante de mim. Com a internet, passei a conhecer sites de poemas, poesias, e não tinha um único dia que não lia um poeminha que fosse.
Morava em uma fazenda com meus pais, e sentia a dificuldade de continuar meus estudos morando lá. Foi então que recebi o convite de trabalhar neste jornal e então tive que me mudar para a cidade. Morando em Rancharia,no ano de 2003,passei a freqüentar no ano de 2004 um cursinho pré-vestibular chamado “Dom Bosco”, o cursinho era gratuito e assistia a parte carente da cidade, só pagávamos a apostila e todos os professores eram voluntários. Ainda em 2004 prestei o ENEM e fiz minha inscrição para a primeira etapa seletiva do PROUNI, na qual fui selecionada, ingressando no ano de 2005 na Faculdade da Alta Paulista, cursando Letras,com habilitação em Língua Portuguesa e Inglesa.
Passei a trabalhar como estagiária na Prefeitura Municipal de Rancharia, no departamento de Imprensa e logo após fui cedida ao Departamento de Compras e Licitação, na qual era responsável pelas Atas, elaboração de Cartas Convites, Pregões e etc.
Na faculdade tínhamos uma cobrança diária por parte dos professores, com relação à leitura, mas para ser bem sincera, nem sempre essa cobrança era cumprida. Eram muitos livros por semana e não dava conta de acumular trabalho, faculdade, leitura. Então eu lia o que considerava bom,mas também li muita coisa que não gostei. Eram três tipos de literatura (brasileira portuguesa e inglesa) e muitos livros para cada uma delas. Nessa fase da faculdade aprendi a gostar de literatura, principalmente da inglesa, com aqueles contos que prendem nossa atenção.
Vejo que hoje nossas crianças não estão tão interessadas na leitura como era antigamente, hoje eles se perdem na internet, esquecendo do mundo e se esquecendo também que na internet temos fontes importantíssimas de leitura. Temos livros disponíveis na rede, o que facilita muito, pois na minha adolescência só tive a biblioteca da escola, então lia o que tinha lá, como não tinha acesso a internet e nem dinheiro para comprar livros, visto que sempre foi muito caro.
Sempre digo aos meus alunos que antes de abrirem a página do Orkut, Twiter, Facebook, MSN, abram a página do UOL, da Folha On-Line, procurem livros de interesse pessoal deles. Uma pessoa bem informada não é passada para trás e para se ter informação, para saber falar bem, em qualquer situação, é necessário a leitura.

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