MEMORIAL SOBRE MINHA VIDA
Minha história de vida começa em uma pacata cidade no estado de Mato Grosso chamada Nortelândia. No ano de 1967, ano em que o Brasil passava por uma forte crise política, eu nasci, não sei detalhes minuciosos deste dia, mas, tudo bem. Sou a penúltima filha dos onze filhos vivos de minha mãe (ela sofrera abortos espontâneos, não sei a quantidade exata). Na época os partos eram feitos em casa com auxílio de parteiras e minha mãe tinha muito problema de hemorragia, e creio ser hereditário, pois minha avó materna morreu vítima de uma terrível hemorragia;inclusive, quando teve minha mãe,que fora órfã de mãe ao nascer. No meu também foi um parto difícil mamãe sofreu muito, e eu nasci muito mal; tiveram que me batizar ao nascer porque acharam que não sobreviveria, e na época, minha meus pais eram católicos , e a igreja prega que se a criança morrer sem ser batizada é pagã.Assim ganhei o nome Marizeth, que mamãe me disse que fora dado por esta pessoa que me batizou. Sei que sou um milagre de Deus, que vem cuidando de mim.
Aos onze meses de vida, minha mãe fugiu separando-se do meu pai biológico ,pois o mesmo a agredia com todos os tipos de violência doméstica que uma mulher pode sofrer. Graças a Deus ,por um lado, ela não me deixou;digo assim porque todos os meus irmãos ficaram para trás; mamãe não conseguiu trazê-los,e isso para mim foi muito triste. Sem falar que começava aí ,para mim e mamãe ,uma história de vida marcada por momentos difíceis.Este pai biológico, que nunca conheci - o mesmo morrera por volta dos anos 80- era muito violento e vingativo ;passou a nos perseguir por toda uma vida. Depois que nós fugimos mamãe conheceu o pai que eu tive, com ele mamãe casou,ela não era casada,e eu, que naquela idade ainda não era registrada, fui registrada por ele e ganhei este sobrenome que levo com muito orgulho e o deixo gravado em tudo que assino,( João Luís de Sá é o nome dele).Ah! ia esquecendo me de dizer que desta união nasceu uma irmãzinha maravilhosa, seu nome é Míriam, crescemos juntas e isto foi ótimo para nós; temos uma grande cumplicidade.Hoje agradeço a Deus por ter ela.Nossos pais já dormem no Senhor e assim temos uma a outra.
Moramos em várias cidades do Mato Grosso,pois meus pais mudavam muito; primeiro moramos em todas as cidades garimpeiras (Poxoréo, Alto Coité( nomes indígenas), meu pai era garimpeiro. Comecei a estudar aos nove anos de idade , com dois anos de atraso devido essas constantes mudanças; na época,já estávamos morando no estado do Espírito Santo em uma cidade beira-mar lindinha chamada Biriricas. Mal começou o ano ali e voltamos para o Mato Grosso;e agora viemos morar em uma cidadezinha chamada Jarudore(nome indígena),ali estudei até a oitava série na Escola Estadual de 1º Grau Franklin Cassiano, que era dirigida pelos italianos que viviam legalizados no Brasil há anos. Eles eram um casal maravilhoso. Ela, Aglae Toscano, era paulista casada com ele, Frederico Toscano era o italiano e com ele vieram outros italianos que faziam ali um ótimo trabalho naquela pequena comunidade.Ela fora a diretora da escola por vários anos, quer dizer, viemos embora ela continuou Lá como diretora; ele foi meu professor de língua português, língua inglesa e história, este tinha uma bagagem fantástica, com ele eu aprendi toda a língua portuguesa; também foi com ele , eu creio, que surgiu a aptidão para ensinar português. No ano de 1987 fiz o magistério na cidade de Itiquira (MT) e antes de concluir já no último ano,comecei a lecionar para uma turminha de 1ª série; e nunca mais parei.De 1990 a 1993 fiz vestibular na Universidade Federal de Mato Grosso na cidade de Rondonópolis quando comecei e conclui Licenciatura Plena em Português e Literatura. Em seguida fiz o meu primeiro concurso público no município de Itiquira, quando assumi minhas primeiras turmas, já atuando na minha área(Língua portuguesa). Em julho de 1993 tive a maior perda da minha vida, minha querida mãe falecera vítima de um terrível câncer de mama. Hoje resido no Estado de Mato Grosso do Sul , na cidade de Nova Alvorada do Sul onde estou concursada e trabalho com o ensino fundamental ( 6º ao 9º).Apesar dos dissabores de atuar no magistério hoje,acredito ainda, que fiz uma boa escolha profissional; gosto do que faço.
Marizeth Ferreira de Sá
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